As horas se passaram ali com uma dificuldade tremenda, o dia chegou iluminando o local e era possível localizar algumas pétalas no chão indicando que já era hora do enterro. Ninguém havia feito nenhum discurso, ou exposto alguma memória. Nem mesmo o fiel Yosho que serviu a família real teve a coragem de tomar a frente, ele estaria chorando se o fosse permitido, porém, seres fantásticos como ele não choravam.
O cemitério aguardava o corpo do rei, havia uma procissão o trazendo que entoava um canto fúnebre e algumas mulheres jogavam as pétalas das flores usadas na capela. Uma tumba já havia ali, o coveiro já a tinha aberto. Este fora avisado horas antes pelo porteiro real. O coveiro insistiu duas ou três vezes em relembrar juntamente com Madomia os feitos heróicos daquele homem, ela não o escutava a meio de soluços e lamentos. O corpo repousava dentro da tumba, a placa estava pronta e posta. Os letreiros diziam “Eis aqui um rei orgulhoso do povo que teve”. Taiomi sabia bem o quanto o pai cuidava de seu povo, tratava todos com muito respeito e atendia os problemas externos dentro do próprio palácio deixando qualquer um entrar. Felizmente os golfbagonianos eram um povo justo e unido, não haviam muitos problemas de guerras internas ou furtos. Os problemas maiores eram as divisões de terras entre os latifundiários e os industrialistas.
O coro cerrou-se por fim, todos começaram a cochichar e encarar a princesa mais velha. Ela estava apenas com o rosto molhado, havia cessado o choro, sabia porque todos a olhavam, queriam saber o futuro do trono.
- Irei me casar e assumirei o povo de Golfbagon.
“Aquilo era um anúncio no cemitério?” Yosho não pode deixar de fazer uma cara de incrédulo ao ouvir aquilo, a princesa realmente não estava bem, havia perdido toda a classe.
- Poupe explicações princesa, terá que fazer este anúncio no terraço onde todos possam te ver. – Yosho a lembrava ainda com uma cara de desaprovação e as sombrancelhas baixas. Ela realmente não fazia idéia dos procedimentos ou estava muito transtornada mesmo. O fato é que era um pouco dos dois. Madomia estava em processo de treinamento e esse transtorno causou um desespero na futura rainha o que levou ao treinamento precoce da irmã futuramente.
Todos se encaminharam para o palácio, era o cortejo de volta amparando a família composta apenas pelas filhas. Quando os portões se abriram para que elas entrassem, Madomia olhava diferente para cada parede do salão principal, agora era ela dona de tudo e todos ali. Precisava arranjar um noivo em questão de horas, viu a irmã se dirigir aos aposentos, foi-se a ela:
- Irmã, espere. – Taiomi virou-se com um grande “bico” pós enterro – Vou casar-me, preciso de sua aprovação no noivo. Ajude-me a escolher um homem bom como meu pai.
- Terá que abrir uma convocação, será mais fácil se você listar algumas qualidades que queira.
- Um homem honesto, trabalhador, amoroso, confiável,...
- Seria mais fácil mudar as regras e não se casar do que achar um homem tão perfeito. – Falou debochadamente com um sorriso irônico no rosto.
- Você é tão inteligente, como não pensei nisso antes?
Taiomi fazia cara de dúvida e recapitulava as palavras ditas, onde teria sido inteligente? Ah sim, mudar as regras. Realmente ela podia fazer isso agora, ela tinha o direito afinal. Mas como não havia pensado nisso antes...